“Ao meu maior ídolo e incentivador, minha homenagem pela sua história no motociclismo, deixando também registrado todo o orgulho pelo piloto, profissional e principalmente pelo pai Felipe Carmona.” (Fifa Carmona)
A longa carreira de Carmona
Fonte : Revista Quatro Rodas Moto (Edição Especial - n° 251-A, pg. 92, 1981).
Autor da reportagem: José Carlos Marão
Com sua maneira calma, quase paternal de falar, sorrindo levemente quando alguma lembrança lhe dá prazer, Felipe Carmona, o patriarca da “Esquina do Veneno”, tem um grande orgulho nos seus 69 ano. Descendentes de espanhóis e nascido em Campinas, aos oito anos ele veio com a família para São Paulo. Foi trabalhar com Tio, numa oficina da Praça da República: “Foi ele, quem trouxe a primeira moto para o Brasil, era representante da Harley Davidson. Através dele, fui levado ao mundo das motos”.
No início, sua família era contra: “era sempre aquele sermão”, mas pouco a pouco ele foi se apaixonou pelas máquinas e não conseguia resistir a um bom pega na Serra da Cantareira, nem às corridas pelo interior – Serra Negra, Campinas.
“Minha primeira corrida foi em 1927, no Alto da Lapa, com uma Harley Tico-Tico350 e nessa época um dos maiores adversários que eu tive foi o Luís Bezzi. As chegadas eram sempre juntas e precisou muito olho mecânico para tirar as dúvidas. Mas tinha também o Artur e o Kurt Vigliolfo, o Guilherme Spera, o Ernesto Trivelato e o Osvaldo Diniz, o índio. O grupo era muito unido. À noite, nos encontrávamos sempre na Esquina do Veneno.”
E dessas reuniões saiu o nome. O veneno, no caso, era uma incorrigível necessidade de desafiar e pregar peças nos adversários - e isso sem nunca pôr em risco a camaradagem. Viviam conspirando: uma vez Trivelato se deu ao trabalho de sair de sua oficina e soldar a porta da loja de Carmona, para que ele não tivesse como tirar a moto para correr no dia seguinte. Carmona correu, mas teve que arrebentar a porta.
Juntamente com Bezzi, Carmona foi um dos pilotos de carreira mais longa dentro do motociclismo brasileiro. E em 1974 fez sua última corrida: as 500 milhas de Interlagos, em dupla com Denísio Casarini. Quebraram.
=>Um dia inesquecível : “O Francesco Gambari veio da Itália, era campeão, famoso. Toda a colônia Italiana foi a Intrlagos torcer por ele. Ficamos trinta voltas correndo juntos mas, na última, eu arrisquei a vida para conseguir ultrapassá-lo. E consegui, ganhei”
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Outro dia inesquecível: “Era uma corrida contra o Bezzi, em Santos. Na última volta, quando eu menos podia esperar, alguém puxou uma corda no meio da pista, em frente à minha motocicleta. Eu caí e quebrei os dentes”. Tombos, muitos tombos.
E o mais dramático é que nem mesmo as vitórias Carmona conseguia saborear completamente: as medalhas, bravamente conquistadas em meio aos buracos e paralelepípedos, muitas vezes eram derretidas por suas irmãs e viravam gloriosas pulseiras.
Aos 69 anos, Carmona hoje tem uma vida bem mais pacata, dividida entre rápidas visitas à sua loja da “esquina do Veneno” e à do seu filho “Fifa”, que trabalha com carros algumas quadras adiante. “Antes eu vendia todas as marcas de motos”, diz ele, “mas desde 69, quando terminaram as importações, só a Honda”.
"O Rei das Motocicletas"
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